Que havia talento de sobra de lado a lado no confronto entre Brasil e Portugal, já se sabia. O que a partida desta sexta-feira mostrou foi outra igualdade: na disposição para lutar por uma vitória na última rodada do Grupo G. As duas seleções se equivaleram em Durban e saíram de campo classificadas com um empate em 0 a 0 – que leva os brasileiros às oitavas de final como lideres da chave, com sete pontos, e os portugueses como segundos colocados, com cinco.

Na próxima fase, os brasileiros enfrentam o segundo colocado do Grupo H, no qual todas as quatro equipes ainda têm chance de classificação: o líder Chile, com seis pontos; Espanha e Suíça, que têm três, e até mesmo a lanterna Honduras, que ainda não pontuou. Portugal encara o líder dessa chave. As partidas desta sexta-feira, às 20h30 (15h30 de Brasília; 19h30 de Lisboa) envolvem Chile x Espanha e Suíça x Honduras.
Tanto brasileiros quanto portugueses entraram em campo com mudanças com relação às equipes escaladas para as duas primeiras rodadas. Como já era esperado, o técnico Dunga colocou Júlio Baptista no lugar de Kaká, suspenso por causa do cartão vermelho diante da Costa do Marfim, e Daniel Alves na vaga de Elano, ainda se recuperando de uma pancada na perna direita. A única surpresa foi a ausência de Robinho, que deu lugar a Nilmar.

Carlos Queiroz, que já havia feito mudanças entre a primeira partida – empate contra a Costa do Marfim – e a goleada diante da Coreia do Norte, experimentou uma formação diferente, com Cristiano Ronaldo como único atacante de ofício, ajudado constantemente por Danny, Tiago, Raul Meireles e Duda. Além disso, Pepe, estreando no Mundial e de volta à equipe titular pela primeira vez desde que passou por uma cirurgia no joelho, assumiu a função de volante de contenção.
Muita disputa
A formação tática portuguesa significava uma equipe com dez jogadores atrás da linha do meio-campo e uma marcação cerrada sobre a armação de jogadas brasileira – a cargo de Daniel Alves e Júlio Baptista. Quando recuperava a bola, porém, Portugal conseguia rapidamente levar jogadores à frente e causar problemas para a defesa brasileira.

A primeira boa chance do Brasil, aos seis minutos, saiu de uma bola perdida no meio-campo que Daniel Alves recuperou. De fora da área, o jogador do Barcelona bateu à direita do gol de Eduardo. Mas, a partir de então, os portugueses foram mais perigosos. O meio-campo fechado impedia que a Seleção jogasse como prefere, com velocidade. Nas chegadas rápidas ao ataque – sobretudo com o lateral Fábio Coentrão, mais uma vez uma das melhores opções de ataque do time – Portugal levava mais perigo, e quase marcou num lindo sem-pulo de Tiago na frente da área, aos 18 minutos.

Apesar da falta de espaços para sair em velocidade, tal como acontecera na partida diante dos marfinenses, o talento dos jogadores ofensivos brasileiros ainda conseguiu gerar algo. A diferença foi que, ao contrário da tabela entre Kaká e Luís Fabiano na partida da segunda rodada, o lance aos 30 minutos não resultou em gol: da lateral direita da área, Luís Fabiano fez um lindo passe que cruzou toda a área e encontrou Nilmar na cara de Eduardo. O toquinho de esquerda encobriu o goleiro e acertou a trave. Pouco depois, aos 39, Maicon cruzou alto da direita e encontrou a cabeça de Luís Fabiano, livre na área. A conclusão, porém, saiu à direita do gol.

A partir de então, diante de tanta disputa no meio-campo, o que ganhou lugar foram as divididas e brigas pela posse de bola. Ao todo, no primeiro tempo, foram sete cartões amarelos e um bocado de tensão despejada de lado a lado. Tanta que, aos 44 minutos, depois de levar o penúltimo amarelo da primeira etapa, Felipe Melo – por precaução – foi substituído. Dunga colocou em campo o volante Josué.

Mudanças por velocidadeCom Simão no lugar de Duda logo aos nove minutos, Queiroz queria dar ainda mais velocidade na chegada junto a Cristiano Ronaldo. E o primeiro lance de perigo dos portugueses no segundo tempo, aliás, foi justamente com Simão, que bateu firme da entrada da área para defesa de Júlio Cesar. Logo em seguida, aos 15, mesmo sem ajuda Cristiano Ronaldo criou problemas. O jogador do Real Madrid arrancou e percorreu metade do campo com a bola dominada, em alta velocidade. Dentro da área, Lúcio conseguiu o corte, mas a bola sobrou limpa para Raul Meireles, na cara de Júlio César, na entrada da pequena área. O toque do meia desviou no camisa um e saiu à direita do gol.

Apesar de os portugueses terem sido sempre ligeiramente superiores – ou pelo menos terem mais presença no campo ofensivo -, a segunda etapa não foi rica em chances reais de gol. Por um lado, Portugal teve dificuldades em transformar a velocidade de Cristiano Ronaldo, Simão e companhia em lances de perigo, já que o meio-campo brasileiro tratou de se fechar. Esse meio-campo congestionado transformou a partida numa luta em que, para haver vencedor, seria necessário algum lampejo de talento que fizesse a diferença. Ramires quase a fez já nos acréscimos, quando arrancou e chutou de fora da área. Mesmo com o desvio na zaga, Eduardo conseguiu uma grande defesa.

De todas formas, a principal diferença já havia sido devidamente feita nas duas rodadas anteriores. Invictos, os países irmãos seguem vivos na competição, com a esperança de se cruzarem bem mais à frente, no dia 11 de julho, no Soccer City.